sábado, janeiro 20, 2007

A pior canção de sempre ou Amália no melhor da sua ironia?

«E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho
só p’ra dizer: Deus lhe pague.
Eu dei-lhe um copo de vinho
e lá foi no seu caminho
que era um pouco em ziguezague. »

(Amália Rodrigues cantou; Carlos Paião compôs, em 1982)

It's a bird... It's a plane... no, it's Superman!

Super Reeve (1952-2004)

Condom Country

Brokeback, not bareback

One Day In Your Life

One day in your life
Youll remember a place
Someone touching your face
Youll come back and youll look around, youll . . .

One day in your life
Youll remember the love you found here
Youll remember me somehow
Though you dont need me now
I will stay in your heart
And when things fall apart
Youll remember one day . . .

One day in your life
When you find that youre always waiting
For a love we used to share
Just call my name, and Ill be there

Youll remember me somehow
Though you dont need me now
I will stay in your heart
And when things fall apart
Youll remember one day . . .

One day in your life
When you find that youre always lonely
For a love we used to share
Just call my name, and Ill be there

Salomé

A Salomé é impossivel de fotografar. Só se lhe perturbarmos o sono e a apanharmos no torpor do acordar. A Salomé não pára. Basta olhar para ela e a festa começa. «Tem alma de cão!» dizia o Filipe. É a mais pura das verdades. Tem alma daqueles cães que não páram a brincadeira nunca, que só querem festas e que julgam que estamos disponiveis para elas só porque os olhamos mais de 2 segundos.
A Salomé foi uma prenda de aniversário do Nuno Rosa para o Filipe e chegou lá a casa no dia da festa, onde a barulheira da música e dos 60 e tal convidados era infernal para um animal de 4 ou 5 semanas. Mas ela resistiu, tal como resitiu ao homem e respectivo cão que, com maldade pura que nunca compreenderemos, lhe matou a família quase toda dentro de um motor de um carro abandonado (onde a Salomé pelos vistos nasceu).
A Salomé não podia ser mais diferente da Tosca do que é. Depois da chegada (julgava eu, traumática) lá a casa, a diferença impôs-se logo no dia seguinte. A casa ela dela. As mesas, as cadeiras, as várias divisões da casa, tudo era motivo de puro exercício exploratório e brincadeira. Até quando a Tosca lhe queria bater, ela julgava que era a brincar e a Tosca não pôde senão desistir de ser a rainha da casa. Nem que fosse a fingir. Fez em Setembro 12 anos.

Tosca


A Tosca foi o que se pode chamar uma paternidade planeada. Por vontade minha de ter uma gata, a Ana do escritório da Intercultura trouxe a notícia de que em breve uma ninhada estaria para nascer e que um dos rebentos me estaria destinado. E assim foi. Lembro-me tão bem do dia em que a Tosca chegou à Calçada do Tojal, do dia em que o Filipe me disse para ter cuidado para não a pisar quando entrei em casa, pois não tinha certeza por onde ela andava. E tinha razão. Ela era tão pequenina que podia não se dar por ela. Mas ela ali estava, na área da casa de onde durante algum tempo não se atreveu a sair, perto da cozinha, à porta da despensa.
Alguns meses depois pensei que a perdia. Uma gastrite de tanto leite que lhe dei. Mas, depois de uma semana de antibióticos e das minhas mão cheias de feridas na luta de lhe fazer engolir os comprimidos, ela voltou para nós e ainda por cá anda. O aniversário da Tosca é o dia 1 de Abril, data mentirosa marcada pelo veterinário já que o nascimento tinha sido em data incerta naquela altura do ano. Já lá vão quase 13 anos.

Descubra as diferenças...



Maurice

Foi há 20 anos...

Judi Dench on her best

I thought that you'd want
What I want, sorry my dear...
but where are the clowns?
Send in the clowns
Don't bother, they're here...

Nina Simone - I Love You Porgy - 1962

Não se pode viver sem ela...

Clear day

Miss Sassy

Tony Bennett and Elvis Costello

Are You Havin' Any Fun?

Frank Sinatra

You make me feel so young
You make me feel like spring has sprung
Every time I see you grin
Im such a happy individual

The moment that you speak
I want to go and play hide-and-seek
I want to go and bounce the moon
Just like a toy balloon

You and i, are just like a couple of tots
Running across the meadow
Picking up lots of forget-me-nots

You make me feel so young
You make me feel there are songs to be sung
Bells to be rung, and a wonderful fling to be flung

And even when Im old and gray
Im gonna feel the way I do today
cause you make me feel so young

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Política com humor

«O acto sexual é para ter filhos» - disse na Assembleia da República, no dia 3 de Abril de 1982, o então deputado do CDS João Morgado num debate sobre a legalização do aborto. A resposta de Natália Correia, em poema - publicado depois pelo Diário de Lisboa em 5 de Abril desse ano - fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção, tendo os trabalhos parlamentares sido interrompidos por isso:

Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.

( Natália Correia - 3 de Abril de 1982 )
p.s.: os meus agradecimentos pela lembrança ao meu querido Jomi

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Saudade, silêncio

(1944-1984)

Brideshead Revisited

Charles and Sebastian revisited

Caballe

"Vissi d'arte", Puccini concert at Liceo de Barcelona, 1975

Callas

Maria Callas performing Tosca, II act, by Puccini, NY 1956

David Bowie - Ashes to Ashes

Happy birthday to the greatest Pop Star of all times

La Moreau

Ascenceur pour l'Echafaud, Luis Malle, 1959

Zauberberg

A série vi-a algures no início dos anos 80 quando passou na RTP 1. O livro li-o algures entre 1985 e 1989, durante o meu curso de Filosofia, e a leitura foi repartida por dois Verões seguidos. A cara que está na foto- Herr Eichhorn - conheci-a no fim dos anos 90 e tornou-se num dos meus queridos amigos. Ich liebe dich, mein Schatz!

terça-feira, janeiro 16, 2007

Açores, Faial, vulcão dos Capelinhos

Foi há 30 anos. 14 meses numa ilha, infantilmente à espera de ver um velho vulcão a entrar em actividade. Os ilhéus não iriam achar piada, mas o que se há-de fazer face ao fascínio de uma criança tola? Nesta ilha vi a minha primeira novela brasileira (sim, a "Gabriela Cravo e Canela"), ouvi pela primeira vez a voz da Maria Bethânia a cantar o "Coração Ateu" (na já referida novela, pois claro) e fiz coisas inconfessáveis (que já confessei a alguns que nem sequer são padres).

Berlin

Em Berlin sinto-me em casa. Pelos amigos que para lá foram e que visito com tanto gosto, pelos amigos que lá fiz e que me recebem generosamente, pelo verde que supreende quando o cinzento era o esperado, pela memória vaga de um muro que me impede sempre saber de que lado estou (olha para os semáforos, dizem eles...), pelo colorido dos punks e outras faunas, pelo sexo de facilidade assumida, pelo kitch do Rose, pelos rapazes bonitos que me sorriem em festas loucas, por poder ficar na cama o dia todo sem ter medo de não ter visitado os museus, pois sei que vai haver sempre uma proxima vez. Aufwiedersehen!

Meu nome é Fátima

A minha maninha tão bem acompanhada.

Maria Bakker

«The taste of life has not been so bad,
between the tears and the joys I've had,
For with some good, and a little sin,
She always allowed me to get up again.
And all those years I thought life naughty
She made me beautifull at forty.»

Pop Art


Liz & Burton

Quando a paixão é amor e o amor é paixão...

An affair to remember

I was looking up...!

MD

A Marguerite Duras apareceu-me através de um livro - O Amor (L'amour) - e não percebi nada do que se passava naquelas breves páginas. Quantas eram as personagens, onde estavam, do que falavam, qual a relação entre elas, nada era claro. E nasceu uma paixão. Uma obsessão, diria mesmo. Já passou. Mas como se pode voltar às grandes paixões, volto à MD de vez em quando, nem que seja para ver os seus olhos por detrás das das famosas armações, as rugas que o tempo e o álcool não lhe pouparam ou a sua voz inconfundível.

Moon River

desculpem a repetição do tema Miss Hepburn, mas o ser mais belo do universo merece-o... she will always be my sweet, sweet huckeberry friend...

Audrey Hepburn Reads Anne Frank

aqui o silêncio é nosso... para escutar...

Desabafo

mas sempre acabo em teus braços na hora que você quer

Pink Panther - Pink Phink

the most elegant girl in the world

Billie Holliday - Strange Fruit

Southern trees bear strange fruit,
Blood on the leaves and blood at the root,
Black bodies swinging in the southern breeze,
Strange fruit hanging from the poplar trees.

Pastoral scene of the gallant south,
The bulging eyes and the twisted mouth,
Scent of magnolias, sweet and fresh,
Then the sudden smell of burning flesh.

Here is fruit for the crows to pluck,
For the rain to gather, for the wind to suck,
For the sun to rot, for the trees to drop,
Here is a strange and bitter crop.

Joey Arias

Isn't she great?

MUERTE EN VENECIA - Luchino Visconti. 1971

morrer de amor...

Cena Final

se me quizerem ver chorar...

ABBA - Frida - En Ledig Dag (1960s)

Quem é que prefere a loira dos ABBA? Quem...?

domingo, janeiro 14, 2007

Saudade, silêncio

(1920-1999)

Carta a um jovem actor (River Phoenix)

Se um dia a gente se encontrar
e eu confessar
que vi um filme tantas vezes
para desvendar os olhos teus
E se a gente se falar
contar as coisas que viveu
o que esperamos do amanhã
será que pode acontecer?
Pois, paralelo ao personagem,
eu quis saber mesmo é de ti
Queria que fosses feliz
uma água calma a inundar
a sua margem de carinho
um peito aberto a quem chegar
Como o teu nome, diferente
Uma paisagem nos induz
Uma paisagem de inocência
Mas que se sabe e que se conduz
Conduz agora este momento
O pensamento e os olhos meus
brilhando de emoção e grato
alguém que só te conheceu
num filme que viu tantas vezes
que este poema aconteceu
letra e musica de Milton Nascimento

Porque educar também é isto

Os meninos da Sol foram lá (à Escola Secundária Infante D. Pedro, em Alverca) e deixaram marcas.
Estas podem ver-se... outras não... :-)
(não, não fui eu que organizei a visita, foi a minha queria Aline com uma meninas lindas de quem me orgulho de ter sido professor)

Elogio ao amor puro

"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo .O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.
Já ninguém quer viver um amor impossível.
Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido.Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".
O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível.
O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido,do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas,farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem,tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona?
Já ninguém aceita a paixão pura, a saudades sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida,o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria,maluquice,facada, abraços, flores.
O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A"vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio,não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição.Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é anossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor émais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um minuto de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."



MEC

Arquitectar como?

não sei construir casas, nem os tijolos que as fazem, nem o mundo em que assentam, a partir de grãos de areia de sete cores. não as sei desenhar, em base e em altura, em frascos que vendo, com a minha prepotência de bónus, a quem não sabe construir casas nem as desenhar com areia em frascos.não sei inventar as pessoas que podiam morar nelas, nesse mundinho ou neste, em letras bem ritmadas e pobremente rimadas, e cantar sobre elas para a inveja de todos. nem sei esquecer a hipótese de lhes esfregar na cara, como areia, essa felicidade nascida da falta dela nos outros, e criar uma contentação própria.tão-pouco ou um bocadinho menos sei escrever. quer sobre casas, quer sobre pessoas, quer sobre mim. porque não sei inventar o que não lá está, e ainda assim sou uma obra minha.


um texto de Tiago C.